quinta-feira, 7 de maio de 2009

Valsando com Mathilda.


Criamos por hábito fazer frígido o que de mais vulnerável há em nós, em consequência ao medo tão comum de termos expostas aos olhos terceiros as coisas miúdas que nos fazem fracos. Problema é desenvolver a tal ponto essa crosta que nem saibamos mais nós o caminho por onde alcançar o que temos também de mais bonito e insolúvel. Pois aqui apresento um atalho.
Tom Waits veio a mim em período de negação, como tantos há e outros tantos houve; sua voz traz consigo a imagem dos frustrados nas ruas de uma cidade a eles cega, dos bêbados, daqueles com um fígado ruim e um coração partido, da perdição dos homens nas infinitas maneiras pelas quais conseguem atingi-la, das saudades, dos amores que já não há. E incrível que pareça, traz também conforto, pela razão irônica de que se constata que em um mundo onde tantas mazelas incidem sobre nós, há também a possibilidade de fazer delas arte. E arte é o mínimo que se pode dizer daquilo que soa através dessa voz rouca e perdida, pois rompe barreira qualquer que se possa ter erguida e nos toca onde precisamos, vez por outra, para humanos sermos, ser tocados. Por mais que doa.
Para vocês, para mim, Tom Traubert's Blues.


3 comentários:

  1. sou muito indisciplinada com blog, Dani. vou continuar tentando, mas não sei... já tive incontáveis blogs e eles acabam nunca constituindo identidade, porque eu posto esporadicamente e sou muito inconstante. daí, de repente, não sou mais nada daquilo que tá nos últimos posts e deleto tudo.

    vamos ver no que vai dar, né?

    vou zurebar o teu e favoritar também!
    xero!

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  2. Nunca tinha ouvido,mas a sua voz chamou minha atenção.

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  3. lindo o blog. tá uma transposição muito próxima, para o universo cibernético, do que tu é. hehe.
    a tua cara. :)

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