domingo, 26 de setembro de 2010

Débeis.

Do amor, em um corpo, pouco resta além do vazio que ocupava - não se leva consigo nada nobre, não há aprendizado que fique. Toda experiência desmonta, vai ao chão, e fica-se só, a cabeça entre as mãos, ruminando a constatação - "absurdo, absurdo". Foi assim após o primeiro, assim será por quantas vezes amor houver.

Todo amor nasce e morre em função dele mesmo; nada levamos que nos faça mais preparados para o próximo. Qualquer convicção contrária é tentativa débil de se ter controle - não há, não há. Fim de amor é ressaca eterna até a próxima dose; a embriaguez virá da mesma forma.

No fim, e encerrando de forma descompromissada um texto preguiçoso e sem objetividade, cada amor compartilha com outro, tão somente, a expectativa. Nascer amor é nascer a ansiedade pelo fim, e nenhum aprendizado anterior a faz mais confortável; e, até que chegue, seremos tão débeis como fomos por cada vez que, sorrindo frouxo, acreditamos que seria diferente. Débeis.



Esse texto está tão cretino e preguiçoso, que não vou nem relacionar alguma música a ele. É ele, sozinho, em toda sua cretinice.


quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Cuspir uvas passas.

Não há quem não o seja; mesmo o mais cretino de nós é um arranjo atabalhoado de improbabilidades. Pensada assim de batepronto, é uma ideia com trejeitos de otimismo; que fascinante é pensar em poder esperar uma infinidade de absurdos de cada um desses anônimos rotineiros.
Seria, seria, e tão bom se fosse. Antes de pensar em canção ensolarada qualquer e assobiá-la calçada afora, saibamos, descubramos juntos não ser assim. É condição de ser pessoa a capacidade efervecente de secar toda exceção em potência, e concretizar apenas o esperado; e como o esperado vem se mostrando uma tendência. As pessoas são possibilidades decepcionantes. E as exceções, uvas passas sob o sol da flacidez de espírito.
Aqui temos estranha situação onde uma maioria concorda, débil, enquanto a minoria que resta não é nem metade do que aqui se fala. Eu falo de você, de sua mãe e do seu namorado.
E que faz você, seu maldito?, além de cuspir amargura neste canto miúdo, emprestando algum glamour de pessoas tão maiores que você? Absolutamente nada além do que aqui se vê. Sentarei em qualquer banco vago pela manhã, estóico na constatação de poder muito bem ser objeto do que escrevo, ou de poder vir a ser; mas até lá, não deixo de cuspir. Cuspir uvas passas.