Não raro se dá a situação em que o que de concreto temos em vida perde aos poucos a nitidez, menor é o controle que exercemos sobre ele, até que por fim reduz-se sem aviso ao espectro malacabado da memória. Pode-se bem dizer, e em verdade se diz com propriedade inquestionável, que é assim mesmo, que um dia seremos nós mesmos pouco menos que a lembrança nas mentes saturadas dos que ficaram, como esperar coisa outra do que levamos conosco? Ainda se diz mais, e ainda corretamente, que agradecidos deveríamos ser pela oportunidade a nós concedida de observarmos o que um dia foi e já não é desse camarote cedido pelo tempo, para que choremos pelo já chorado, aprendamos pelo um dia errado e sigamos em frente, por fim, e que feliz fiquemos, pois bem podia ser que o vivido repassado não pudesse ser e pediriamos licença para entrar em uma infinita sequência de erros iguais.
Bem aceita a bênção de se poder sofrer, e tudo mais que isso implica, e pouco não é, pelo já sofrido e todos esses etecéteras enfadonhos já citados, é aqui ressaltada a mazela que é conseguirmos o feito, ou observá-lo conseguido por outrem, de vermos maculadas as memórias dessas tais dores e sucessos. É possível, e que injusto que é. Não saberia descrever o método ou meios para tal, mas que não se duvide, é possível. E alcançado tamanho feito, restamos nós com o tumor que é uma lembrança pestilenta - faz duvidar do que de belo vivemos em absoluto, faz maior as amarguras quaisquer das quais já curtimos o ranço por tempo suficiente.
A mazela de uma memória é nosso passado maculado, e maculada está também aquela com quem o vivemos; pois então se conclui com tristeza que, se mal cuidadas as lembranças, pensaremos o já vivido como se, ao recordarmos ente querido falecido, pensássemos apenas em seu cadáver putrefento deitado rígido em seu velório.
Bem aceita a bênção de se poder sofrer, e tudo mais que isso implica, e pouco não é, pelo já sofrido e todos esses etecéteras enfadonhos já citados, é aqui ressaltada a mazela que é conseguirmos o feito, ou observá-lo conseguido por outrem, de vermos maculadas as memórias dessas tais dores e sucessos. É possível, e que injusto que é. Não saberia descrever o método ou meios para tal, mas que não se duvide, é possível. E alcançado tamanho feito, restamos nós com o tumor que é uma lembrança pestilenta - faz duvidar do que de belo vivemos em absoluto, faz maior as amarguras quaisquer das quais já curtimos o ranço por tempo suficiente.
A mazela de uma memória é nosso passado maculado, e maculada está também aquela com quem o vivemos; pois então se conclui com tristeza que, se mal cuidadas as lembranças, pensaremos o já vivido como se, ao recordarmos ente querido falecido, pensássemos apenas em seu cadáver putrefento deitado rígido em seu velório.
Tão forte de dar dor no peito.
ResponderExcluirAbraços,
Gabriela.
Tão forte de dar dor no peito. [02]
ResponderExcluir._.